Resta-me agora a escrita
a eterna vontade de permanecer aqui entre as sílabas gastas,
o recomeçar de uma mentira que
se vai desenrolando no passar dos dias.
Escrever para além das memórias do meu corpo,
escrever para além do tempo que morreu.
o silêncio das palavras abandonadas.
Aqui, longe de tudo, morre-se aos poucos.
O tempo parou, já o disse.
Um vulcão queima-me o sangue
e derrete-me por completo a ponta dos dedos.
Meu Deus! preciso de mais Absinto, para que a lucidez do coração cesse também. Preciso beber, beber muito, para me perder, para a alma se perder por instantes na tranquilidade do meu próprio esquecimento.
Lúcia Pereira