quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Eu.

Dizem que tudo posso ter
que basta querer.
mas, na verdade, estou derrubada
sobre esta mesa suja dum bar verde.

embriagada nos pássaros que vão rodopiando
à minha volta,
os rostos pálidos, abandonados ao alcool.

dizem que tudo posso possuir,
que podia ter sido uma mulher feliz,
mas na verdade sinto-me bem nesta melancolia que se foi agarrando a mim
pouco a pouco, como algas se prendessem à minha pele.

que eu sei sobre o amanhecer ou o entardecer?
que sei eu sobre as mãos que ferem,
ou brotam sob sonhos quebrados?

amo o lado escondido das sombras,
a luz atravessa-me como alfinetes que teimam
em queimar a ponta dos dedos.

Estou sentada, deitada, tanto faz
e sinto o desmoronar dos dias.
as ruas desertas que passam rente ao coração.

possuo apenas este corpo
que não conhece o dom de se entregar,
possuo apenas estas mãos que apenas sobrevivem
para derramar sobre folhas,
as palavras que vão desaparecendo,
pouco a pouco, como a ausência do teu corpo.


Lúcia Pereira

sábado, 7 de agosto de 2010

Palavras




Resta-me agora a escrita
a eterna vontade de permanecer aqui entre as sílabas gastas,
o recomeçar de uma mentira que
se vai desenrolando no passar dos dias.

Escrever para além das memórias do meu corpo,
escrever para além do tempo que morreu.
o silêncio das palavras abandonadas.

Aqui, longe de tudo, morre-se aos poucos.
O tempo parou, já o disse.
Um vulcão queima-me o sangue
e derrete-me por completo a ponta dos dedos.

Meu Deus! preciso de mais Absinto, para que a lucidez do coração cesse também. Preciso beber, beber muito, para me perder, para a alma se perder por instantes na tranquilidade do meu próprio esquecimento.
Lúcia Pereira


domingo, 27 de junho de 2010

Palavras Perdidas

suspensa na tenebrosa linha entre a vida e a loucura
flutuando onde se derramam beijos e adeus
pela boca luminosa da noite

a minha personagem permanecerá
intacta,
o osso que velozmente sai pelo rosto
o riso que ironicamente escapa
a bala que raspa a nuca
faz te estremecer numa quase perversa orgia

não percebo mais os corpos e as ruas
não quero perceber
deixei de possuir o choro eterno da dor

de agora em diante, abandono-me apenas
em cada silaba neste conto inacabado

tudo o que me resta é apenas esta
mão louca pousada sobre o papel branco



e tu, já não moras em mim.

Lúcia Pereira

sábado, 26 de junho de 2010

A Ausência de mim

(...)

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pela linha ténue do mar

os dias lentos...sem ninguém


por vezes, dou por mim,
aqui sentada em cada letra que deposito
sem perceber bem como cá
vim parar.

perco-me por entre alucinações e
lágrimas ou risos enlouquecidos.

os dias lentos...sem ninguém.


(...)


Lúcia Pereira



Peço desculpa pela ausência, mas no momento estou sem internet
e não convem andar a abusar no trabalho:)
beijos a todos vós com imensa saudade de vos ler e reler

sexta-feira, 5 de março de 2010

Livro





Ola meus queridos amigos e leitores

Quero anunciar que o meu 1º livro de poesia já está à venda online:)

podem encontrar aqui :

http://www.worldartfriends.com/store/607-lucia-pereira-entre-o-desejo-e-o-esquecimento.html





Beijos e obrigada.
Sem voces nao era possivel:)


Lucia Pereira

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010





um fio de néon
te sustém no ar
como uma bailarina
prendendo-te ao irreal

E se a morte te esquecesse?


ficarias a brilhar como as estrelas
brilharias como os pirilampos nas noites escuras
brilharias como os diamantes nos finos pescoços
das mulheres esbeltas

E se a morte te esquecesse?



serias uma bailarina perfeita
ao som dos raios da lua
serias um sorriso numa face rosada de uma bela criança
serias o olhar apaixonado

mas a morte
lembrou-se de ti
e quis te retirar as asas
Tu foste mais esperta
e fugiste dela
fingindo o sono eterno

depois,
quando a morte se fartou de te procurar
apareceste
e como um passo de magia
voaste entres as falésias junto ao mar
voaste como um anjo
vencedor
sorridente

voaste
para longe


voaste
para o eterno

voaste
para a doce vida eterna

para o sonho
para o paraíso

e entre as melodias que cantavas
eu dançava como uma bailarina de papel
voava entre os teus dedos
e aparecia no teu sorriso majestoso
eu era feliz
quando, simplesmente entoavas uma doce canção




Lylia Violet
Com a Eterna Saudade, mamã