sábado, 7 de agosto de 2010

Palavras




Resta-me agora a escrita
a eterna vontade de permanecer aqui entre as sílabas gastas,
o recomeçar de uma mentira que
se vai desenrolando no passar dos dias.

Escrever para além das memórias do meu corpo,
escrever para além do tempo que morreu.
o silêncio das palavras abandonadas.

Aqui, longe de tudo, morre-se aos poucos.
O tempo parou, já o disse.
Um vulcão queima-me o sangue
e derrete-me por completo a ponta dos dedos.

Meu Deus! preciso de mais Absinto, para que a lucidez do coração cesse também. Preciso beber, beber muito, para me perder, para a alma se perder por instantes na tranquilidade do meu próprio esquecimento.
Lúcia Pereira


2 comentários:

  1. Querida Lúcia
    O caminho nunca está no fundo de um copo ou outra forma de alteração da mente, por mais atraente que isso possa parecer. Talvez fechando os olhos saibamos o que é tão fundamental na nossa vida, que ainda temos, mas cujo valor só sentimos quando perdemos. E a visão não é mais do que um dos sentidos...
    Um beijo
    Daniel

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  2. Todos precisamos de ópio.
    Mas convém que esse ópio seja natural, isto é, deve surgir a partir da nossa vontade, determinação e convicção.
    O que sentimos é o resultado de um estado de espírito. E devemos aprender a estar de bem connosco próprios e com o mundo, mesmo não deixando de querer mais e/ou melhor. Esse é o melhor ópio que podemos encontrar. Usa e abusa.
    Belíssimo poema, querida amiga. Gostei imenso das tuas palavras.
    Bom fim de semana.
    Um beijo.

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