quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A tua Sombra




Enrolo a tua sombra à luz esbelta do luar,
brinco com ela, passeando-a pelos dedos,
acaricio cada nota em falso do teu suspirar

Entrelaço os olhares com a brisa
vinda do mar;
Gravo na fotografia
todos os lamentos inúteis da tua alma

Passeio as chamas das velas
pelo teu corpo, queimando-o

Perco-me no nada que és
no tudo que criaste

Perco-me



Sophie Rose

sábado, 3 de dezembro de 2011

Eu




Dizem que tudo posso terque basta querer.

mas, na verdade, estou derrubada

sobre esta mesa suja dum bar verde.
embriagada nos pássaros que vão rodopiando

à minha volta,os rostos pálidos, abandonados ao alcool.

dizem que tudo posso possuir,que podia ter sido uma mulher feliz,

mas na verdade sinto-me bem nesta melancolia que se foi agarrando a mim

pouco a pouco, como algas se prendessem à minha pele.


que eu sei sobre o amanhecer ou o entardecer?

que sei eu sobre as mãos que ferem,ou brotam sob sonhos quebrados?
amo o lado escondido das sombras,a luz atravessa-me como alfinetes que teimam

em queimar a ponta dos dedos.


Estou sentada, deitada, tanto faz sinto o desmoronar dos dias.

as ruas desertas que passam rente ao coração.
possuo apenas este corpo

que não conhece o dom de se entregar,possuo apenas estas mãos que apenas sobrevivem

para derramar sobre folhas,as palavras que vão desaparecendo,

pouco a pouco,

como a ausência do teu corpo.





Lúcia Pereira

Aka

Lylia Violet



domingo, 20 de novembro de 2011

Depois de umas cambalhotas na vida, estou de volta, peco desculpa por nao dizer nada ha tanto tempo e de nao vos ler.
em principio, tudo ira correr melhor agora e a ver se volto a escrever com mais frequencia, como antigamente. tenho imensas saudades de vos ler e passar bons momentos nos vossos cantinhos.

beijo_vos,

Lucia Pereira






De volta às grandezas da escuridão envolta em álcool que nos alucina e dilacera a mente, a alma. que estilhaça em mil pedaços o sexo queimado.
nada faz sentido aqui e tudo faz sentido no peito. Atirada às feras, o macho animal que se sente encurralado entre as fêmeas. A vontade de assentar entre estas paredes despidas é esmagadoramente grande. a queda é sempre para o abismo de promessas vãs e orgias alucinantes, um asfalto quente que nos prende os pés, que nos derrete a lingua e a única coisa que nos salva é precisamente a mentira e os olhares quebrados.

passo a esquecer, lentamente este corpo etéreo quase eterno, para passar a ser apenas um vácuo no tempo, algo que se perde numa fracção de segundos, nem se nota onde se esconde isto tudo, onde se guarda toda esta dor.




Lucia Pereira

segunda-feira, 14 de março de 2011

Uns dias na cidade deu nisto.



De volta às grandezas da escuridão
envolta em álcool que nos alucina e dilacera a mente, a alma. que estilhaça em mil pedaços o sexo queimado.

nada faz sentido aqui e tudo faz sentido no peito.
Atirada às feras, o macho animal que se sente encurralado entre as fêmeas. A vontade de assentar entre estas paredes despidas é esmagadoramente grande. a queda é sempre para o abismo de promessas vãs e orgias alucinantes, um asfalto quente que nos prende os pés, que nos derrete a lingua e a única coisa que nos salva é precisamente a mentira e os olhares quebrados.
passo a esquecer, lentamente este corpo etéreo quase eterno, para passar a ser apenas um vácuo no tempo, algo que se perde numa fracção de segundos, nem se nota onde se esconde isto tudo, onde se guarda toda esta dor.



'não temos nome.
deitamo-nos sob os animais que pairam
entre estrelas
animais sem rosto
animais indecifráveis
apenas animais...

os nomes dos mortos pairam na
cidade assombrada por sentimentos
como o amor

ressoam os gritos
e risos sem som pelas ruelas estreitas..
dentro deste quarto
sem tecto
o tempo parou.
estagnou como o sangue que corria nas veias

torna-se nitida a geometria
das almas perdidas, em contraluz.
apenas finos fios de néon
nos agarra à vida


escondo-me do mundo
com medo de respirar..
Prometo que voltarei
mas deixa-me adormecer agora


pouco mais há a dizer
apenas a memória do tempo passado reside
nesta mente quase gasta...
Calem-se palavras malditas,
deixem-me dormir!


estou de novo
ocupada em esquecer-me


Deixem-me dormir

voltarei,
prometo que voltarei.
Assim que voltares também.'


Lúcia Pereira



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Gritos em Silêncio


Uma espécie de compaixão escorre aqui, gota a gota, dentro de ti. Permaneces deitado a meu lado, o dia acordou com pujança.

Acordaste com um grito, não um ruído, mas um grito que anestesiou os sentidos, que impede de ver e de ouvir. O que gritavas era apenas um devaneio ingénuo do teu amor que pretendia ser a supressão de todas as contradições, a supressão da dualidade do corpo e da alma e talvez mesmo a supressão do tempo.

Sentas-me à beira da cama, lábios que se tocam com a suavidade mas com ardor e prazer; As tuas mãos continuam tocando me sem cessar.

Passeiam pelas coxas, subindo lentamente.

Gemidos abafados pelos teus beijos, carícias constantes. As minhas unhas a percorrer as tuas costas, arranhando, provocando-te arrepios.

As tuas mãos agora passam pelos meus seios, apertando-os. A tua língua a percorrer o meu corpo.

O dia desagua pela nossa janela, somos enjaulados pela fina teia de néon, que nos vai corroendo a alma, à medida que penetras em mim, que despejas toda a tua sabedoria dentro deste meu corpo quase apodrecido.

Viro a cabeça compulsivamente, à procura do amor antigo, fantasmas que ainda pairam sob a tua cabeça.

Este era um momento de desprezo, tinha a vontade de fazer retirar tudo o que te dei, todo o meu corpo e atirar aos animais que passeiam nos meus pesadelos.

Tudo era uma mentira criada por nós;




(...)



Lúcia Pereira




quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Eu.

Dizem que tudo posso ter
que basta querer.
mas, na verdade, estou derrubada
sobre esta mesa suja dum bar verde.

embriagada nos pássaros que vão rodopiando
à minha volta,
os rostos pálidos, abandonados ao alcool.

dizem que tudo posso possuir,
que podia ter sido uma mulher feliz,
mas na verdade sinto-me bem nesta melancolia que se foi agarrando a mim
pouco a pouco, como algas se prendessem à minha pele.

que eu sei sobre o amanhecer ou o entardecer?
que sei eu sobre as mãos que ferem,
ou brotam sob sonhos quebrados?

amo o lado escondido das sombras,
a luz atravessa-me como alfinetes que teimam
em queimar a ponta dos dedos.

Estou sentada, deitada, tanto faz
e sinto o desmoronar dos dias.
as ruas desertas que passam rente ao coração.

possuo apenas este corpo
que não conhece o dom de se entregar,
possuo apenas estas mãos que apenas sobrevivem
para derramar sobre folhas,
as palavras que vão desaparecendo,
pouco a pouco, como a ausência do teu corpo.


Lúcia Pereira

sábado, 7 de agosto de 2010

Palavras




Resta-me agora a escrita
a eterna vontade de permanecer aqui entre as sílabas gastas,
o recomeçar de uma mentira que
se vai desenrolando no passar dos dias.

Escrever para além das memórias do meu corpo,
escrever para além do tempo que morreu.
o silêncio das palavras abandonadas.

Aqui, longe de tudo, morre-se aos poucos.
O tempo parou, já o disse.
Um vulcão queima-me o sangue
e derrete-me por completo a ponta dos dedos.

Meu Deus! preciso de mais Absinto, para que a lucidez do coração cesse também. Preciso beber, beber muito, para me perder, para a alma se perder por instantes na tranquilidade do meu próprio esquecimento.
Lúcia Pereira