sábado, 3 de dezembro de 2011

Eu




Dizem que tudo posso terque basta querer.

mas, na verdade, estou derrubada

sobre esta mesa suja dum bar verde.
embriagada nos pássaros que vão rodopiando

à minha volta,os rostos pálidos, abandonados ao alcool.

dizem que tudo posso possuir,que podia ter sido uma mulher feliz,

mas na verdade sinto-me bem nesta melancolia que se foi agarrando a mim

pouco a pouco, como algas se prendessem à minha pele.


que eu sei sobre o amanhecer ou o entardecer?

que sei eu sobre as mãos que ferem,ou brotam sob sonhos quebrados?
amo o lado escondido das sombras,a luz atravessa-me como alfinetes que teimam

em queimar a ponta dos dedos.


Estou sentada, deitada, tanto faz sinto o desmoronar dos dias.

as ruas desertas que passam rente ao coração.
possuo apenas este corpo

que não conhece o dom de se entregar,possuo apenas estas mãos que apenas sobrevivem

para derramar sobre folhas,as palavras que vão desaparecendo,

pouco a pouco,

como a ausência do teu corpo.





Lúcia Pereira

Aka

Lylia Violet



2 comentários:

  1. Um poema sofrido.
    Apesar disso é magnífico.
    O teu talento poético continua intocável.
    Querida amiga Lúcia, tem uma boa semana.
    Beijo.

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  2. Querida Lúcia
    Um coração sempre feito poema de amor, logo de dor...
    Um outstanding 2012!
    Beijo
    Daniel

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