Uma espécie de compaixão escorre aqui, gota a gota, dentro de ti. Permaneces deitado a meu lado, o dia acordou com pujança.
Acordaste com um grito, não um ruído, mas um grito que anestesiou os sentidos, que impede de ver e de ouvir. O que gritavas era apenas um devaneio ingénuo do teu amor que pretendia ser a supressão de todas as contradições, a supressão da dualidade do corpo e da alma e talvez mesmo a supressão do tempo.
Sentas-me à beira da cama, lábios que se tocam com a suavidade mas com ardor e prazer; As tuas mãos continuam tocando me sem cessar.
Passeiam pelas coxas, subindo lentamente.
Gemidos abafados pelos teus beijos, carícias constantes. As minhas unhas a percorrer as tuas costas, arranhando, provocando-te arrepios.
As tuas mãos agora passam pelos meus seios, apertando-os. A tua língua a percorrer o meu corpo.
O dia desagua pela nossa janela, somos enjaulados pela fina teia de néon, que nos vai corroendo a alma, à medida que penetras em mim, que despejas toda a tua sabedoria dentro deste meu corpo quase apodrecido.
Viro a cabeça compulsivamente, à procura do amor antigo, fantasmas que ainda pairam sob a tua cabeça.
Este era um momento de desprezo, tinha a vontade de fazer retirar tudo o que te dei, todo o meu corpo e atirar aos animais que passeiam nos meus pesadelos.
Tudo era uma mentira criada por nós;
(...)
Lúcia Pereira
Mesmo mentira (ou não...), o teu texto é magnífico.
ResponderEliminarGostei das tuas palavras, aqui e ali muito sensuais.
Beijos, querida amiga.
Querida Lúcia
ResponderEliminarEnvolta nos teus fantasmas de estimação, não deixas de ser corpo e alma quente.
Um beijo
Daniel