terça-feira, 24 de novembro de 2009

Poesias III

Jardim de Agosto




Sabes, amor, procuro por entre os teus buracos inúteis que se prenderam ao passado, mas a noite chega me sempre inquieta em ventos gelados.
Acendo um cigarro e converso com os meus fantasmas, enquanto passeias as tuas palavras recheadas de sedução perto de outros seres. Os teus dedos que tacteiam o teclado, tem fogo na ponta, queimando quem te lê no outro lado.
Escondes com o teu rosto as perversões criadas, enquanto eu, sentada, me perco entre pensamentos escondidos, lágrimas que me queimam a alma.

A tua ausência transparente, percorre a minha pele cortando-a como uma fina lâmina aguçada, provocando rios de sangue que pintam o nosso quarto. Manchando-o com a tua indiferença para comigo.

Por vezes, sinto-me só.
Não sei dizer de onde aparecem os muros que surgem no teu rosto, quando a minha mão toca no teu corpo; tudo o que dissemos perdeu a cor, a musica, o sentido, a paixão.
Tudo ficou para trás, quando me tocas, não te sinto como sentia antes, quando te toco tu não me sentes, mas nunca me sentiste antes.



Os olhos fecham-se agora com o peso das paixões desfeitas, e continuamos a respirar no nosso jardim de Agosto.

2 comentários: